Neste dia de Pentecostes, quando a Igreja celebra sua manifestação ao mundo, pelo dom do Espírito Santo, queremos partilhar esta breve reflexão que fizemos, em prol da unidade entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, partindo de nosso locus theologicus católico oriental.
A Igreja Melquita é ortodoxa no sentido de seguir fielmente a tradição oriental bizantina. Assim, não é mera “cortesia” de sua parte atribuir à Igreja Ortodoxa tal predicado de “ortodoxa”, mas sim a vontade de indicar uma realidade. Queremos mostrar para nossos irmãos ortodoxos que estamos com eles para defender a tradição ortodoxa, ainda que possamos, pela intempestiva salvaguarda de nossa herança, não olhar bem certas práticas ou nuanças dos latinos, em contexto mais amplo. Mas é dever da Igreja Melquita, por outro lado, apontar precisamente para essas nuanças, a fim de que o Oriente não estranhe mais o Ocidente e que possa tomar as particularidades dos latinos como verdadeiramente “católicas”: uma diversidade que não compromete o todo. Eis, pois, o lugar da Igreja Melquita, entre o Ocidente e o Oriente, ponte entre o Oriente e o Ocidente.
Está lançado seu desafio, entre ser esmagada pelos companheiros latinos, que querem a todo custo atrai-la para um monolito de pensamento e sentimento, e ser hostilizada pelos irmãos ortodoxos, que querem ver nela um mero bibelô bizantino dos papistas, que lhes traiu, não enxergando seu autêntico modus vivendi, phronema ou como se queira chamar, a Igreja Melquita precisa ser, de fato, uma ponte, e não somente um obstáculo no caminho.
Sabemos que nossa contribuição é apenas uma semente – plantada, cultivada e colhida pelo Senhor da Vinha. Que a reunião está nas mãos do Poderoso Juiz da História. Assim, rumamos confiantes à Jerusalém celeste, pois ela é “livre e é nossa Mãe”, sem esquecer de que no Pentecostes de cada epiclese, cada pulmão da Grande Igreja de Cristo – oriental e ocidental – recebe o novo ar primaveril do Espírito: permanecem ainda visivelmente separados; mas já integram um único e mesmo Corpo de Cristo. Não há mais grego, nem romano…
“Temível é a hora em que o Espírito Santo desce sobre a Terra!” (Rito Maronita). Sempre há choro e ranger dos dentes nessa hora, pois nos vivemos nos escondendo sob infindáveis papeladas ou em enregelados redutos arqueológicos, alimentando a indiferença para o próximo. Onde estás, tu, Adão? É tudo palha! O joio será jogado no fogo da Geena. O Espírito está consumindo lentamente cada anátema e pedra de tropeço. Haverá algum crente sob a face da Terra, se eles se apegam a tantos aspectos secundários, a cada volta de Nosso Senhor? A criação geme as dores do parto, mas e porque já está prenhe do Espírito Santo, a “alma do mundo”, que está nela em constante kênosis (esvaziamento), intercedendo paralelamente diante do Pai com seus gemidos inefáveis.
Deixemo-nos ser transformados a todo o momento em adoradores em espírito e verdade. Sejamos elevados à liturgia eterna que o Filho celebra para o Pai, reunindo em sua humanidade toda a humanidade, para que ela seja transfigurada em partícipe da natureza divina. Vinde Espírito Criador! Vinde Espírito da Verdade!
Este é o apelo que fazemos, queridos irmãos, que quer brotar do coração dilacerado do Pai, aberto pela lança que transpassou o Filho, jorrando paixão intensa e rios de água viva. No Cisma, esse dilaceramento que vivemos, está o kairós, a oportunidade divina, para amarmos ainda mais uns aos outros, respeitando e vivendo cada diferença, pois na casa do Pai há muitas moradas, para a máxima manifestação dos diversos talentos a nós concedidos, e atração de todos os homens à unidade. Cabe, assim perguntarmos, se haveria a mesma preservação e descoberta do outro, em sua autonomia, que já experimentamos hoje, se estivéssemos ainda unidos, como permanecemos por tantos séculos, séculos de tanto estranhamento mútuo?
Quando a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa se unirem, não será uma igreja que vai se rebaixar à outra, mas duas igrejas que vão entrar em comunhão. Não importará por vanglória quem estava certo ou ou errado antes. Haverá uma só Igreja, com uma só verdade, e poderemos celebrar a unidade, manifestando o amor dos cristãos para o mundo.
O tarde vai caindo, o dia já declina, e nós vos “pedimos, rogamos e suplicamos”: permanecei conosco, Senhor, para que todos sejam um, como Vós sois um com o Pai.
Philippe Gebara
Solenidade de Pentecostes, 27 de maio de 2012
Só há uma Igreja, Gebara, quando é que você vai aprender isso?
Nunca o neguei, muito menos neste texto. E isso não é malabarismo.
Sim, é malabarismo. A Igreja não é uma entidade etérea, mas uma sociedade real, que pode ser claramente identificada. Quem tem de entrar em comunhão conosco são os ortodoxos, posto que com ou sem eles a Igreja continua a existir com todas as suas notas.
Você nega que, quando os fiéis ortodoxos, comungam do Precioso Corpo e Sangue de nosso Senhor, tornem-se parte integrante do Corpo Místico de Cristo?
Evidente. Sem mudança de convicção não há nenhuma comunhão no sentido eclesiológico.
Quer mais sentido eclesiológico que a comunhão no Corpo de Cristo — este sim a verdadeira Igreja?
O que o SENHOR deseja é a união de todos e que todos nós nos amemos assim como ELE nos ama. DEUS é um só e NELE devemos professar nossa fé.
A verdadeira Igreja se dá pela comunhão de convicções, de modo que a comunhão eucarística deve ser uma conseqüência disso. O fato da Igreja permitir que cismáticos comunguem é, tão só, um dos escândalos de nossa época (e ainda bem que certos ortodoxos percebem isso e não comungam em nossos templos, nem permitem que comunguemos nos deles).
Mais que meramente uma sociedade de fiéis, a Igreja é a comunhão das igrejas locais que celebram a Eucaristia em torno de seu legítimo presidente, o Bispo, confessando a fé apostólica. Esta que é a autêntica e vital eclesiologia, que remonta aos Santos Padres, e que foi retomada pelo Concílio Vaticano II.
O que você acabou de falar é um erro, pura e simplesmente.
Dizer que há algo de essencial na fé que foi retomado pelo Vaticano II é uma impossibilidade teológica. A não ser, claro, que você ache que precisamos de algum outro Pentecostes além do original…
Além disso, a fé apostólica não é aquilo que os ortodoxos ensinam, fé apostólica é aquela que a Igreja Católica propaga. Não é complicado entender que o cisma é uma heresia qualificada.
A Igreja ser uma sociedade de fiéis é uma conceituação acima da que você citou, pois as igrejas locais podem acabar, a Igreja universal não.
A Missa não tem presidente, tem padre, tem sacerdote.
Dios no quiere discución, quiere unión y nosotros como Cristianos en eso nos debemos de poner a trabajar en la union no en la division.Hermanos ortodoxos y Catolicos es ora de Orar Y actuar ¡¡YA BASTA DE DISCUCIÓN ES HORA QUE DERRIBEMOS ESOS MUROS QUE NOS HAN DIVIDIDO POR CIENTOS DE AÑOS!!
A CRISTO SEA LA GLORIA POR LOS SIGLOS DE LOS SIGLOS AMEN